Agência Minas Gerais | Adolescentes do Centro Socioeducativo de Juiz de Fora produzem fotos e participam de exposição em festival internacional

outubro 3, 2025 Off Por

Imagens foram captadas por 13 adolescentes do Centro Socioeducativo (CSE) de Juiz de Fora foram uma das atrações do Festival Internacional de Cinema e Cultura da Diversidade (Festicid), realizado em setembro, na cidade da Zona da Mata.

A exposição de fotografia “O Mundão e Eu” foi resultado de um curso de fotografia, realizado em dez encontros, mesclados por teoria e prática, promovido em parceria pela CSE, administrada pela Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp-MG), e a Associação Cultural Cine Fanon, organizadora do Festicid. As aulas foram ministradas pela fotógrafa Lêda Bárbara Soares.

O curso surgiu como continuidade de um projeto anterior de audiovisual, desenvolvido pelo psicólogo do CSE de Juiz de Fora, Artur Duarte, e pelos auxiliares educacionais Millena Fagundes e Matheus Xavier, no evento “Caminhos Literários”.

Para a fotógrafa Lêda Bárbara Soares, o título da exposição “O Mundão e Eu” revela a tensão e o encontro entre o mundo exterior — vasto, desafiador e, muitas vezes, hostil — e a interioridade de quem busca novos caminhos. “Fiquei surpreendida como eles conseguiram, em tão pouco tempo, absorver a técnica e desenvolver uma percepção visual apurada. Tivemos uma ótima convivência e aprendi muito com os adolescentes. A fotografia se tornou uma janela de liberdade para eles”, refletiu a fotógrafa.

Descobertas

Os adolescentes foram além do aprendizado das técnicas de fotografia e descobriram diferentes olhares sobre o mundo, que teve incentivo nas aulas e nas experiências visuais no Museu Mariano Procópio e nas ruas do centro de Juiz de Fora. As fotos apresentadas em “O Mundão e Eu” registram objetos afetivos, sentimentos, desejos e a dualidade entre o momento de privação de liberdade (mundinho) e uma nova perspectiva de possibilidades (mundão).

Ao longo da oficina, os jovens tiveram contato com a fotografia desde o instante em que a luz atravessa a câmera e revela mundos antes invisíveis, percebendo a potência da linguagem fotográfica no jogo entre sombra e claridade. mostrando vemos objetos afetivos e cenas do cotidiano, que se tornam símbolos de identidade, memória e desejo.

Silvanei*, um dos participantes, compartilhou sua experiência: “Quando comecei o curso, eu não achei muito maneiro. Achei que não ia gostar, por ser um curso novo e não gostar de aprender coisas novas. Mas depois, a professora Leda começou a me ensinar e eu consegui ver o significado de enxergar coisas simples aqui dentro. E eu comecei a entender o significado do curso, de tirar foto. E comecei a aprofundar mais na fotografia e consegui fazer umas fotos maneiras, com significado legal.

“Acho que foi importante porque pode abrir novas oportunidades, né? Postos de emprego, essas coisas, porque vai ter o diploma aí, o certificado. E foi bom também porque nós fomos lá fora no mundão, para esfriar a cabeça e dar valor à nossa liberdade, que é o que nós temos de mais importante”, disse Silvanei*.

Gleidson*, outro adolescente do curso, também destacou o impacto da experiência: “O curso foi uma coisa boa para nós. A professora Leda ajudou muito. Nós vimos que dá para você ver várias coisas através das fotos, né? Na sua mente, você vê uma coisa, e pela foto você vê outra paisagem. Ela ensinou também a mudar o ângulo, a imagem, a luz de tudo o que a gente vê”, contou.

*Nomes fictícios para preservar a identidade dos adolescentes