Agência Minas Gerais | Fhemig avança no manejo eficiente de sangue nas unidades hospitalares
junho 30, 2024O gerenciamento de sangue do paciente está cada vez mais presente nas unidades cirúrgicas da Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais (Fhemig), que atendem casos de politrauma graves e realizam cirurgias complexas. Por isso, foi realizado nesta terça-feira (25/6), no auditório do Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG), o I Seminário Patient Blood Management (PBM), promovido pela Diretoria Assistencial (Dirass) da Fundação. O PBM visa reduzir a necessidade de transfusões de sangue, diminuindo os riscos de complicações decorrentes do uso desse insumo.
“Esse cuidado resulta em uma recuperação mais rápida dos pacientes, menos tempo de internação e uma economia significativa de recursos, garantindo que o sangue disponível seja utilizado de forma eficiente e apenas quando absolutamente necessário”, avalia a diretora assistencial da Rede Fhemig, Lucineia Carvalhais. A diretora, que participou da abertura do evento, lembrou dos esforços da Fhemig em aumentar a produção cirúrgica e que, para isso, é preciso um melhor manejo dos pacientes e do sangue usado, sempre com segurança. “Quando falamos do cuidado com o sangue, nos referimos a diversas linhas de cuidado: de parto e nascimento, trauma, oncologia, cirurgia geral e de outras que decorrem de internações inicialmente clínicas. Então, nós temos muitas pessoas para se beneficiarem do avanço que estamos começando aqui hoje”, reforçou.
A implementação do PBM na Rede Fhemig está alinhada com as diretrizes da Organização Mundial da Saúde (OMS) e da Fundação Hemominas: ambas promovem o uso racional e seguro do sangue. “A Fhemig está empenhada em trilhar um caminho de qualidade da assistência e de segurança do paciente cada vez maior. O sangue é um insumo de extremo valor, e temos que dar atenção a isso, usando esse recurso da forma mais eficiente possível. Esse é nosso objetivo”, pontuou a presidente da Fundação, Renata Dias, durante o seminário.
Com a adoção do PBM, a Rede Fhemig tem o potencial de se tornar um modelo estadual na aplicação desta solução inovadora, de uso racional e seguro do sangue e seus derivados. “Ao seguir as diretrizes da OMS e colaborar com a Hemominas, a Fundação pode estabelecer um padrão de excelência que pode ser replicado em outras instituições de saúde do estado de Minas Gerais”, finaliza Lucineia.
Palestras
O primeiro palestrante do evento foi o hematologista da Fundação Hemominas, Marcelo Froes Assunção, que falou sobre o que é o PBM e como implantá-lo. O médico citou a importância da promoção de ações contra a anemia, já que 30% da população mundial apresenta a condição e são comuns transfusões de sangue desnecessárias para combatê-la. “Precisamos de toda a sociedade envolvida nesse objetivo. Ao desenvolvermos políticas de tratamento contra a anemia, já estamos trabalhando o PBM”, explica o médico.
Para Marcelo, a falta de renovação de doadores de sangue, restrições e tratamentos complexos – principalmente após a pandemia – além da extrapolação na realização de transfusões em situações clínicas, fazem com que a hemoterapia sem o PBM seja insustentável.
A diretora geral do Centro de Hematologia e Hemoterapia do Ceará (Hemoce), Luciana Maria de Barros, participou do seminário apresentando a expertise de seu estado no uso racional de sangue. “Quando ouvimos sobre o PBM pela primeira vez, em 2005, a gente imediatamente se reconheceu e começou a trabalhar ainda mais forte na questão”, conta a médica. O empenho dos profissionais levou à criação do Programa de Manuseio do Paciente – PBM-CE, que estimulou a implementação de diversas ações e estratégias de PBM em serviços de saúde do Ceará.
Durante a tarde, foi a vez de profissionais da Fhemig abordarem a experiência com o PBM nas unidades da Fundação. A coordenadora do diagnóstico por imagem da Gerência de Apoio Diagnóstico Terapêutico, Daniela Favarini, apresentou os dados transfusionais da Fhemig.
O responsável técnico da Agência Transfusional do Hospital João XXIII (HJXXIII) falou sobre a experiência do Complexo Hospitalar de Urgência em PBM. Já a coordenadora médica da Gerência de Diretrizes Assistenciais, Maísa Aparecida Ribeiro, apresentou o Projeto de Implantação do PBM na Fhemig.
De acordo com Maísa, o projeto de implantação nas unidades da Fhemig contará com duas fases: a primeira, de capacitação e divulgação, e a segunda, de consolidação e aprimoramento, além da criação de indicadores de eficácia e feedback das ações realizadas. “Também temos a meta de criar ambulatórios de PBM nas unidades em que for mais necessário e realizar encontros anuais da Fundação para apresentação, discussão e troca de experiências”, detalha.