Aliada de Bolsonaro, Carla Zambelli persegue e aponta arma para homem negro em São Paulo | VGN – Notícias em MT com credibilidade
outubro 30, 2022Reprodução de Vídeo
Pela gravação, é possível ouvir a deputada falando para o homem mais de uma vez "deita no chão"
A deputada federal Carla Zambelli (PL-SP), uma das principais aliadas do presidente Jair Bolsonaro (PL), foi filmada apontando uma arma para um homem negro na esquina da rua Joaquim Eugênio de Lima com a alameda Lorena, em São Paulo. No vídeo, ela atravessa a rua e entra em um bar com uma pistola empunhada.
Zambelli afirma ter sido agredida e empurrada pelo homem, o jornalista Luan Araújo. “Eles usaram um negro para vir em cima de mim”, disse. O homem conversou com o UOL e afirmou que a intenção de Zambelli era “prendê-lo, matá-lo”.
Pela legislação eleitoral, é proibido o transporte de armas e munições por CACs (colecionadores, atiradores e caçadores) nas 24 horas anteriores da eleição, assim como no dia e nas 24 horas posteriores ao pleito.
Luan afirmou que a confusão começou depois de encontrar Zambelli em um bar e a mandar “tomar no cu”. Ele relata que as pessoas que acompanhavam Zambelli começaram a filmar adiscussão até que o homem disse “te amo, espanhola”, uma referência a uma provocação do senador Omar Aziz (PSD-AM) na CPI da Covid (leia abaixo). Foi neste momento que Zambelli se desequilibra, quase cai e corre atrás da vítima com a arma.
A ação aconteceu na esquina da rua Joaquim Eugênio de Lima com a alameda Lorena. Pela gravação, é possível ouvir a deputada falando para o homem mais de uma vez “deita no chão”. Pessoas que estavam no local tentaram contê-la e uma voz afirma “ela quer me matar, mano”. Testemunhas falaram que a polícia interditou a passagem de veículos na rua para preservar a cena do incidente.
Ele diz ter ouvido um disparo, mas que não viu quem o efetuou —Zambelli, em vídeo, disse ter sido a autora. Depois da confusão, sempre de acordo com o relato do jornalista, Zambelli pediu que ele gravasse um vídeo pedindo desculpas pela confusão, o que ele também recusou.
Vídeo obtido pelo UOL confirma parte do relato do jornalista. Nessas imagens, na alameda Lorena com a rua Capitão Pinto Ferreira, um grupo de homens circula ao redor de Zambelli e ela cai, sem ninguém empurrá-la. “Xingou de boiola”, acusou um deles. Ela levanta e começa a correr atrás de dois dos homens. Uma pessoa saca uma arma e é possível ouvir um som que seria de um disparo, enquanto mais ofensas são trocadas. “Chama a polícia”, grita uma pessoa ao redor. Zambelli continuou correndo atrás de um dos homens, que entra no bar procurando abrigo.
Deputada relatou sua versão do caso. Zambelli disse ter sido agredida e empurrada e prometeu fazer um boletim de ocorrência. “Fui agredida agora há pouco. Me empurraram no chão, um homem negro… Eles usaram um negro para vir em cima de mim, eram vários”. O vídeo mostra que Zambelli não foi empurrada, e sim cai sozinha. Zambelli alega ter sido vítima de xingamentos e diz ter recebido cuspes de um grupo de homens e de “uma mulher de camiseta vermelha”. Quando ele me empurrou eu caí, falei que ia chamar a polícia. Ele se evadiu, eu saquei arma e fui correndo atrás dele, pedindo para ele parar porque eu ia chamar a polícia e dar flagrante. Ele pediu desculpa, falei que ele podia ir e aí ele começou a fazer de novo.
A deputada publicou no Instagram um vídeo em que o rapaz aparece a xingando e dizendo que “amanhã é Lula, papai”. “Vai voltar para o bueiro, filha da puta. Sua nojenta, lixo”, disse o homem. Não houve agressão física. Em nota, no início da noite, Zambelli relatou que após ter sido xingada e “cair no chão”, sem citar nenhum empurrão, ela “numa fração de segundos”, “examinou o fluxo de pessoas, sacou uma arma da cintura e acelerou em direção ao agressor”. Ela disse que não houve disparos.
Zambelli trajava uma camiseta verde escrita “Mulheres com Bolsonaro e Tarcísio”. O presidente Jair Bolsonaro (PL) e o ex-ministro Tarcísio de Freitas (Republicanos) disputam, respectivamente, a Presidência e o governo de São Paulo amanhã no segundo turno.
“Te amo, espanhola”. Em 2019, a então deputada Joice Hasselmann afirmou na CPMI das Fake News que o presidente Jair Bolsonaro perguntou a ela se Carla Zambelli teria trabalhado como prostituta na Espanha.
“Quem me perguntou na sala do presidente depois de eleito se você tinha sido prostituta na Espanha foi o presidente”, disse Hasselmann. Em 2021, durante a CPI da Covid, o senador Omar Aziz usou a música de Flávio Venturini para rebater ofensas que recebeu da deputada Carla Zambelli.
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